TÓPICOS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
“Quando uma criança brinca, joga e finge, está criando um novo mundo, mais rico e mais belo, mais cheio de possibilidades e invenções do que o mundo onde, de fato vive.”
Marilena Chani
A criança é um ser social que nasce com as capacidades afetivas, emocionais, e cognitivas, podendo aprender nas trocas sociais, através dos vínculos que a mesma estabelece.
As aprendizagens acontecem na interação com as pessoas, sejam elas adultas ou crianças. Essa interação acontece em todas as situações vivenciadas pelas crianças, inclusive através dos jogos e brincadeiras.
Sinto-me gratificada em relatar sobre o desenvolvimento da aula, aplicada em minha turma, do grupo 05 matutino da Escola Municipal Nossa Infância, onde tudo começou a partir dos jogos propostos pelo professor Iron Alves, através da atividade Tópicos em educação matemática.
Com o desenvolver das atividades propostas nos quatro encontros, o professor nos propôs a escolha de um jogo para desenvolver um plano e aplicar em sala de aula. Logo comecei a pensar no melhor jogo, que adequasse em minha turma do grupo 05 de Educação Infantil, cheguei a uma conclusão que o TA-TE-TI seria perfeito, devido à faixa etária da turma, sabendo que os desafios viriam e que as possibilidades iriam fazer parte do jogo, a todo o momento, até chegar o ponto necessário, o final da jogada.
No dia 11/05 comecei a colocar o plano em ação, relatei para eles toda a proposta do professor Iron e a turma aceitou, afinal o jogo do TA-TE-TI, só estaria contribuindo com o desenvolvimento do projeto da turma, que tem como nome: Jogos e Brincadeiras.
De inicio para compreensão da turma, trabalhei o jogo passo-a-passo explorando o Maximo que pudesse, trabalhei o título do jogo, total de letras, letras iguais etc, depois tracei em um papel grande para que eles visualizassem a tabela do jogo, fui explicando, e questionando com eles a quantidade de pontinhos que aparecem na cartela, são naqueles pontinhos que colocamos as tampinhas, as seis (06) tampinhas de cores diferentes para cada jogador.
Iniciei o jogo com minha auxiliar para que eles compreendessem o jogo, em seguida convidei algumas duplas para sondar a compreensão da turma, pude perceber que realmente o grupo iria fazer a atividade acontecer.
Organizei todo o espaço da sala, de forma livre, espontânea e prazerosa, colocando no centro da sala um vaso com diversidades de tampinhas coloridas e fui organizando as duplas, para que eles tivessem a liberdade de escolher a cor da cartela e das tampinhas, a atividade foi acontecendo no próprio chão da sala para que eu pudesse contemplar e conduzir melhor o grupo.
Quando perguntei a quantidade de tampas que usaríamos, alguns falaram nove (9) baseando nos pontinhos pretos da cartela, mas logo outras crianças interferiram dizendo que não, que usaríamos apenas seis (06).
Perguntei se podia jogar com as tampinhas da mesma cor, vejam as respostas:
RUBIA Não pró, é preciso duas cores diferentes.
PRÓ O que aconteceria se jogássemos usando as tampinhas da mesma cor?
IASMIM Iria misturar tudo.
KAILANE É e não ia da para saber quem ganhou o jogo.
PRÓ Será que dá para jogarmos com 5 tampinhas?
BRUNO Com 5 não pode, porque um jogador vai sair perdendo.
GUSTAVO Este jogo é legal, só ganha quem colocar as tampinhas na fila primeiro.
RICARDO Se for na mesma linha.
O jogo foi acontecendo, quando eu ia percebendo que a possibilidade de ganhar o jogo estava surgindo, fazia com que eles parassem para observar, pensar em quem usaria a tampinha necessária para ganhar, para minha surpresa várias crianças antecipadamente já percebia que o coleguinha ganharia o jogo. É claro este fato não acontece com toda a turma até porque tem criança que ainda não consegue acompanhar a lógica do jogo, e outras as fazem com facilidade.
Durante toda atividade percebi a dificuldade do grupo, no que diz respeito a casa vizinha, onde eles acham que mesmo ocupada eles podem pular para onde quiser sem seguir a seqüência lógica do jogo. Através das intervenções, explicando, mostrando a regra do jogo que não vale pular as casas e sim, segui os pontinhos livres para depois ocupar o espaço do próximo pontinho.
Um momento marcante foi quando a última dupla ainda jogava, que os coleguinhas aproximaram e perceberam que o Ricardo tinha nas mãos a possibilidade de ganhar o jogo, mas a vez ainda era do Paulo Fernando, logo Paulinho silenciosamente, quietinho foi lá e impediu que o Ricardo ganhasse o jogo, preenchendo a casa com a sua tampinha. Mas a sorte era do Ricardo, pois quem ganhou o jogo foi ele.
Para me foi muito gratificante o trabalho proposto pelo professor Iron, me possibilitando enriquecer mais ainda o meu projeto jogos e brincadeiras, avaliando o potencial dos meus alunos, permitindo o trabalho com regras em conjunto, proporcionando o desenvolvimento social das crianças e contribuindo para a formação de sentimentos e atitudes de cooperação e respeito mútuo. Fez-me refletir sobre Andriele, ela que perdeu o jogo e no momento reagiu com choro sem aceitar a perca, mesmo sabendo que é normal o egocentrismo nesta faixa etária, a partir desta situação senti a necessidade de trabalhar um pouco mais as regras do jogo: o esperar a vez, não pular as casas, só um jogador ganha.
O legal de tudo isto é que esta atividade não ficou só no acontecer da roda, das duplas do chão, ela foi transformada em atividade para casa, para socializarmos com os pais.
Foi maravilhoso este trabalho, e muito enriquecedor.
Segundo RODRIGUES (1976), a função dos jogos e dos brinquedos não se limita ao mundo das emoções e da sensibilidade, ela aparece ativa também no domínio da inteligência e cooperam, em linhas decisivas, para a evolução do pensamento e de todas as funções mentais superiores. Assume também uma função social, e esse fato faz com que as atividades lúdicas extravasem sua importância para além do individuo.
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